segunda-feira, 16 de março de 2009

Comigo não tá (do meu baú - março 2006)


Por que existe maldade? Por que a inveja e a fofoca? Queria ser criança, só pra ter algum adulto capaz de me responder isso. Queria ser criança só pra não saber a resposta dessas perguntas.

Quando a gente é pequena e acredita que o mundo não tem gente ruim, além das bruxas dos contos de fadas e dos vilões dos desenhos animados, que são facinhos de derrotar com um só golpe de Jiraya, ou as forças do Heman, somos capazes de acreditar nas pessoas.

Gente grande não tem Super Poderes. Que desânimo! Queria ser superpoderosa e detonar todas as fofocas e todas as pessoas que só desejam o mal.

Quando a gente cresce se esquece dos sonhos que teve. Das cabanas de lençol que fez, das tardes de chuva assistindo desenho animado, ou das árvores que trepou pra pegar fruta.
Quando a gente é criança gosta de brincar de polícia e ladrão, pique-pega, compra estrelinha que brilha na mão, compra florzinha que dança, inventa histórias assustadoras de mula- sem-cabeça.

O adulto se esquece que foi criança, começa a cobrar pelas amizades. Antes seu amigo era aquele que acompanhava suas idéias mirabolantes de perturbar o vizinho, ou o primo. De desbravar o mato. Hoje é seu amigo quem tem o carro mais bacana. E por esse mesmo motivo você tem inveja dele. É amigo quem tem isso ou aquilo, e não quem é divertido e sempre topa estar com você independente do que você possui.

Os homens grandes se esquecem de serem amigos uns dos outros. Por que se acham tão espertos? Nós não devíamos nos esquecer dos amigos da infância. Nunca devíamos deixar de subir em árvores ou nadar num lago. Não devíamos, em hipótese alguma, nos esquecermos dos desenhos animados, das histórias que nossos avós nos contavam, dos bolinhos de chuva e dos brinquedos que tivemos.

Os homens grandes se esqueceram do cheirinho do bolo da mamãe e das brincadeiras de luta com o papai, mas deveriam levar à serio, até hoje, o que eles ensinaram quanto a pegar o que é do outro, sabemos que não pode.

A gente devia saber abraçar e gostar de ouvir o outro falar. No mundo das pessoas grandes elas só esperam o outro falar para ter a vez de falar também. Não percebem quanta coisa têm para aprender?

Disseram que o mundo é dos espertos. Desculpe, mas não é pra vocês pessoas grandes. Esperto é quem não sabe o valor de um abraço, de um pôr do sol com amigos, ou com a namorada? Esperto é o que pega o que é do outro enquanto ele não está olhando e envelhece a cada segundo com um monte de preocupações desnecessárias? Isso não é esperto!

Quem ainda lambe a tigela do bolo?

Hoje você sabe que Papai Noel era só uma invenção que tornava o Natal mais divertido e misterioso e fazia a gente colocar o sapatinho na janela à espera do presente.

Então, que tal sair em busca da sua alma de criança? Aceitar que você não sabe a resposta para todas as perguntas e correr pra fora quando cair aquela chuva?

Vamos,pratique! Pratique também a bondade, a crítica construtiva. Pratique mostrar seu lado bom. O abraço, a preguiça, o dizer coisas boas, chupar pirulito, fazer bolinha com chiclete, ler “O Pequeno Príncipe” e entender quando ele diz que quer muito ter um amigo, mas as pessoas grandes só se interessam por números.

Assista a um desenho animado. Anime essa vida de gente grande. A vida tá passando, e pasme: Você está envelhecendo!Vai mesmo se tornar um velho rabugento, ou vai pro lado dos vovôs e vovós que brincam com os netos, contam histórias e fazem doces de lamber os dedos? Um, dois, três e já: comigo não tá!

Nenhum comentário:

Postar um comentário