terça-feira, 30 de junho de 2009

Yo, I, Eu,

Queria ser disciplinada, daquelas mocinhas que deixam tudo em ordem, principalmente os ideais. Mas eu não sou assim, mudo de ideia o tempo inteiro. Adora deixar o armário e a casa virarem uma zona só pelo prazer de arrumar depois de outro jeito. Não sou organizada e isso foi traçado quando nasci, afinal geminianos são inconstantes e zoneados, nas emoções e nas gavetas.

Também queria ser mais mulherzinha, eu tenho muitas coisas mulherzinhas, mas acho que meu cérebro é masculino, sou racional demais, dura nas palavras. Outra coisa que sou é exigente, é difícil conviver comigo.

E fisicamente? Mudaria várias coisas, pra que preciso de orelhas tão grandes? Será para ouvir melhor? Maybe...

Mas também não sou insatisfeita comigo, pelo contrário. Minha mãe, ao ouvir reclamações do tipo “sou muito baixa, tenho orelhão, blá, blá, blá” sugeriu que eu voltasse para dentro dela, a fim de nascer do jeitinho que eu queria. Se fosse possível eu não toparia. Acho que não dá pra ser perfeito em tudo.

Não sou nada convencional. Não tenho time de futebol, escola de samba, não fiz baile no aniversário de 15 anos, moro com um namorado sem ter me casado. Mas sempre quis saber o gosto dessas coisas; quis e não quis na verdade. Acho interessante e alienante, ao mesmo tempo a paixão que certas pessoas têm pelo seu time e escola de samba. Minha família nunca ligou pra isso, me ensinaram paixão por outras coisas: música, bichos e livros.

A educação que recebemos dentro de casa resume as escolhas que faremos fora dela, resultado: trabalho com música, tenho cachorro e muitos livros e estou sempre lendo, seja gibi, catálogo ou um clássico russo (meus preferidos). Às vezes me arrisco nos Best Sellers, mas que fique óbvio que de Paulo Coelho já li dois “O Alquimista” e “Na beira do Rio Piedra eu sentei e chorei” e bastou para eu saber o quanto é ruim. É bom arriscar, não é? Deve ser por isso que tenho tanta vontade de colocar a mochila com o passaporte dentro e sair por aí. É outra coisa que tenho desde pirralha. Fui criada em sítio, aprendi a andar segurando no saco do meu bode, o Zulu, eu tinha muita liberdade. Meus pais cansam de contar das vezes que sumia pelo mato e só me encontravam horas depois cochilando na barriga da minha cabra, a Zoé.

É disso que ando precisando, um cochilo no meio do mato na barriga d’um bicho, umas lambidinhas do porquinho do curral nos meus pés e de uma frutinha tirada na hora para recuperar as origens e lembrar de não esquecer de mim.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Diploma de jornalista

Todos os amigos jornalistas estão revoltados com a decisão do STF de retirar a obrigatoriedade do diploma de jornalista. Eu também era contra, sobretudo porque fiz uma boa faculdade e entendi perfeitamente quando meus professores de filosofia, sociologia, psicologia e teoria da comunicação I, II e III disseram que bom jornalista não é aquele que sabe escrever bem apenas. É fundamental ter conhecimentos além da gramática.

Eu me formei em Publicidade e Propaganda depois de passar quatro anos alternando o curso de jornalismo, e planejava voltar à faculdade para cumprir as oito matérias restantes para ganhar o diploma de jornalista.

Porém depois de uma discussão longa com uma colega de trabalho, Priscila, enxerguei o outro lado da questão. O Brasil foi o último país a tomar essa decisão tida como polêmica. Nos Estados Unidos e em países da Europa já era assim. Poetas, economistas, médicos e outras profissões que não a de jornalistas estão presentes nas redações estrangeiras, e nem por isso o jornalismo é ruim, pelo contrário. Outrossim, no Brasil todo mundo tinha que ter diploma para escrever nos jornais e fazer TV, rádio e revista, mas nem por isso nosso jornalismo é maravilhoso, pelo contrário.

Que me desculpem os jornalistas honestos e eficazes, mas grande parte escreve mal, inventa fatos para vender notícia, é precipitada e faz barrigas incomensuráveis, tal qual o caso da brasileira que inventou que estava grávida e perdeu o bebê por causa de um ataque de xenófobos. A imprensa brasileira nem se deu o trabalho de apurar.

Quem sabe sem a obrigatoriedade do diploma nós tenhamos ótimos economistas falando e escrevendo sobre economia ou escritores falando de cultura ou política, assim como no passado brasileiro não muito distante. Um exemplo: Nelson Rodrigues.

Diploma de jornalista não significa qualidade na profissão!

terça-feira, 16 de junho de 2009

MEDO




Já tive discussões com a minha mãe por dizer que ela é medrosa; o que não condiz com as histórias que minha avó conta de quando mamãe era adolescente. Pelo que sei, Anamaria viajava de carona para Guarapari, Ilha Grande e outros lugares – o céu era o limite para os acampamentos e viagens com os amigos hippies por aí. Ela vivia na garupa de motos, pegando estradas e barcos, sumia às vezes por semanas a fio.

Hoje o cenário é outro, minha mãe se afoga no chuveiro, e se apresso para que ela ande mais rápido reclama que o coração está a ponto de explodir. Se discutimos e alguém se exalta, ela termina com um copo d’água com açúcar nas mãos. Se proponho um voo de asa delta ela senta, me olha com aqueles olhos grandes e diz que só pode ser brincadeira. Subir em moto, nem pensar!

E o álcool? Já vi inúmeras fotos da minha mãe adolescente pelos bares da vida, mas hoje ela não bebe mais que duas tulipas e já fica mal das pernas. Mamãe não tem nem 50, mas tem três filhos, ou seja, três responsabilidades muito grandes.

Só entendi essa mudança da aventura pelas coisas mais certas depois que ela disse uma coisinha básica, a qual eu nunca havia pensado: “Minha filha, quando você for mãe vai entender que o medo da gente morrer é por causa do filho. Tenho medo de que algo me aconteça e eu não esteja aqui por vocês.”

Entendi!

De qualquer forma, quando ficamos mais velhos o medo cresce junto com a gente, pois paulatinamente entendemos e conhecemos os tipos de perigo.

Confesso que aos 18 anos eu pularia mole de paraquedas, talvez ainda pule, mas o medo é aterrorizante! Asa delta, viagens sozinha, tudo isso aos 24 já me dá medo e eu nem tenho filhos.

É verdade que aos 20 quando fui sozinha para o Uruguai, sem falar espanhol ou inglês fluentes, eu não lia tanto jornal, não dava tanta atenção para as crueldades que acontecem todos os dias nas esquinas das nossas casas. Eu não tinha medo!

O problema da violência é que ela cerceia a nossa liberdade, por mais que a gente finja que nada está acontecendo, com o que a própria arquitetura da cidade mudou. Os prédios são cercados por grades, tem arames no sobrado dos prédios baixos, alarmes, etc.

O pior disso tudo é que eu já fui mais confiante de que as coisas poderiam mudar, porém hoje olho para as favelas que cercam a cidade, a quantidade de gente envolvida em trabalho informal porque não tem oportunidade e, sinceramente, não acredito que o Brasil tem solução.

Minha visão é das mais pessimistas em relação ao futuro da nossa segurança, o brasileiro não tem autoestima. A polícia e a política são duas drogas! O povo despolitizado, a mídia desinteressada com o que é verdade, um circo completo com sérias consequências.

quarta-feira, 10 de junho de 2009


O que é aquilo que nos faz acordar de manhã com um baita sorriso no rosto e a certeza no peito de que o caminho percorrido até aqui é o melhor que poderíamos ter feito? Sabe quando você desperta, olha pros lados e tem certeza de que é isso mesmo? Daí vem uma felicidade, um quentinho danado e safado, que enche seu ego de esperteza de vida.

Essas são as pessoas que não esperam a vida passar, não correm atrás, correm junto. Pau a pau com o dia a dia. Pessoas 100% satisfeitas com sua rotina. Agora levante a mão, por favor. Olhe para os lados e veja quantas outras fizeram o mesmo. Poucas, não?

Ser 100% feliz só depende da gente, as escolhas que fazemos vão dar certo quando temos certeza do que desejamos. Porém, certas vezes optamos pela felicidade do outro, com o que nos escondemos e costuramos o sorriso do dia a dia. A certeza da opção correta está ali, parada ao lado da porta quando você chega em casa. A certeza do correto senta para comer com você à mesa. Mas tira o brilho do sol e abafa o quentinho safado do peito.

terça-feira, 9 de junho de 2009



"Se alguém perguntar por mim, diz que eu fui por aí com um violão debaixo do braço..."


Tem hora que dá vontade de sumir! Desaparecer do cotidiano a fim de experimentar outros sabores, viver novas experiências, conhecer novos lugares, pessoas e culturas. Tem hora que dá vontade de colocar a mochila nas costas rumo à vida de verdade. É que nesse mundinho da rotina é mentira dizer que a gente vive de verdade.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Cricri, cromo?




A minha cunhada estava discutindo com a minha sogra, dizendo que naquele dia ela estava muito cricri. Eis que ela rebate nervosa: - “CRICRI, CROMO?”. Pronto, acabou a discussão e a risada foi geral.


Você já reparou como tem muita gente cricri por aí? Aquelas que mal deixam você terminar de falar e já te enchem com milhões de perguntas, a maioria sem fundamento. Gente cricri, aquelas pessoas que não dão chance para nenhum erro seu, gente implicante, gente que se apega aos detalhes, gente que às vezes você tem vontade de sacudir e gritar: deixa de ser cricri!

É “expressionante” (como diria a Carla Uyara)!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Fight!




Aprendizado de hoje no Yoga: Os pensamentos se transformam em palavras, estas em ações, que evoluem para os hábitos e, por conseguinte, ditam o nosso destino. Portanto, você é o que você pensa.

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Todos nós sabemos como começar uma briga, porém, alguém sabe como fazer para terminar? O que fazemos com a mágoa? Onde enfiamos aquilo que nos fez começar a discussão?

Tem gente que guarda o ressentimento dentro de si por anos a fio, eu não quero ser assim. Não gosto de guardar coisas ruins. Alguém me explica, por favor, como se faz para brigar e fazer as pazes na mesma hora.

É que para mim só as desculpas não servem, também é necessário o tempo. Nem que sejam algumas horas apenas.

Brigar não é bom para nenhuma relação, seja de amizade, de amor, de família, mas a briga também pode trazer bons retornos, porque ou detona tudo de vez ou faz o amor aumentar, em qualquer que seja o caso. É claro que existem as brigas bobocas, mas não é dessas que estou falando.

Nesse texto me refiro às brigas que fazem você chorar, se exaltar; aquela discussão que dá um aperto no peito, que aquece as coisas dentro da gente de uma maneira que não é bom. E aí, quando o estrago já foi feito, como faz pra consertar?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Que livro você é?

Se você fosse um livro nacional, qual livro seria? Um best-seller ultrapopular ou um relato intimista? Faça o teste e descubra.

Teste bacaninha indicado pela amiga e jornalista Vania Majka. Segue o link:
http://educarparacrescer.abril.uol.com.br/leitura/testes/livro-nacional.shtml

Meu resultado deu três: Doidas e Santas (Martha Medeiros), "Morte e Vida Severina"
(João Cabral de Melo Neto) e "Os donos do futuro", de Roberto Shinyashiki


"Doidas e santas", de Martha Medeiros

Moderninha e solteira, ou radiante de véu e grinalda? Eis a questão da jovem (ou nem tão jovem) mulher profissional, cosmopolita e, apesar de tudo, muito romântica. Eis a sua questão! Confesse: quantas horas semanais você gasta conversando sobre encontros e desencontros sentimentais com as suas amigas? Aliás, conversando não. Analisando, destrinchando... Mas isso não quer dizer que você só questione a existência de príncipe encantado, não. A vida adulta hoje não está fácil para ninguém, como bem mostram as 100 crônicas de "Doidas e Santas" (2008), que retratam os sabores e dissabores da vida sentimental e prática nas grandes cidades.


"Morte e vida severina", de João Cabral de Melo Neto

Às vezes você tem uma séria vontade de estapear as pessoas, só para fazê-las acordarem e perceberem as injustiças deste mundo. Como podem viver em seus mundinhos banais, quando há quem passe fome e totalmente à margem de qualquer conforto ou assistência? Esta talvez seja a sua maior revolta. Por isso, você tenta fazer a sua parte. Talvez por meio de um trabalho voluntário, participando de movimentos populares ou somente se exaltando em rodas de amigos menos engajados. De qualquer maneira, você consegue de fato comover pessoas com seu discurso apaixonado e, ao mesmo tempo, baseado numa lógica de compaixão e igualdade que ninguém pode negar.
Essa missão é mais do que cumprida pelo belo "Morte e vida severina" (1966), poema dramático escrito pelo pernambucano Melo Neto que se tornou símbolo para uma geração em conflito com as consequências sociais geradas pelo capitalismo selvagem.



"Os donos do futuro", de Roberto Shinyashiki

Vencer: é isto que você quer da vida. Ganhar dinheiro suficiente para construir um bom patrimônio, formar uma família harmoniosa e feliz, criar filhos igualmente campeões. Alguém prático como você nem combinaria com um livro de ficção ou com as questões universais que podem ser levantadas pela boa literatura. Entusiasta de self-made people e admirador do estilo de vida norte-americano, você não tem medo de trabalho e procura traças metas para alcançar seus objetivos. Quando dá, procura ensinar outras pessoas a fazer o mesmo, como faz Shinyashiki nas nove lições de "Os donos do futuro" (2000) que aponta as principais características de líderes competentes.