quinta-feira, 28 de janeiro de 2010



“Eu não sei o que o meu corpo abriga
Nestas noites quentes de verão
E nem me importa que mil raios partam
Qualquer sentido vago de razão
Eu ando tão down
Eu ando tão down” Down em mim - Cazuza e Frejat



Cazuza foi um gênio. Só ele para conseguir colocar no papel e ainda encontrar melodia e cantar coisas que a gente, reles mortais, sente e não sabe explicar. Tem dia que o ar falta, o coração dispara e a gente acha que vai ter um treco. Tem dia que nada funciona, você tropeça, quebra o dedo, tromba na porta, cai da escada e nada dá certo. Você para e pensa: por que tudo está dando errado? Eu sou uma pessoa bacana, trabalho oito horas por dias, o que não quer dizer que eu ame esse lerê-lerê necessário e cruel, ligo todos os dias para os meus pais, mando sms para os meus irmãos, faço jantarzinho para o namorido. Por que DIABOS tudo está tão errado? E por que esse sono alucinante que não me deixa levantar da cama? E por que esse mau humor... Eu ando tão DOWN!!!


E não adianta pensar nas posições do yoga, nem mesmo lembrar que a gente esquece de respirar e colocar em prática essa coisinha basiquinha para a vida. Tem horas que não adianta floral de Bach, sabe por quê? Porque o que incomoda e nos faz ficar assim, partida em mil com os pedacinhos espedaçados pela cidade, é, certamente, alguma coisa dentro da gente que PRECISA se manifestar, mas que a gente não deixa sair. É aquilo que deixou de dizer, que deixou de fazer, que deixou de mostrar. Tem aquela música “Jura Secreta” que diz:


“Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada do que eu quero me suprime
De que por não saber ainda não quis” Abel Silva e Sueli Costa



Então deve ser isso! A gente tem que aprender a ter coragem. Simples assim. Coragem para assumir a própria vida. Coragem de fazer o que tem vontade. CORAGEM, pura e simples! E isso não vem no oxigênio que respiramos, nem no líquido do floral, e nem nas posições do yoga. Essa tal “coragem” fica escondida dentro da gente, pedindo pra sair. Ela aparece quando o filho cai na água e a mãe que não sabe nadar se joga no lago e salva o rebento. É, simples assim. E todos nós temos.  


crédito da foto: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://nucleoabralecampinas.zip.net/images/coragem.jpg&imgrefurl=http://nucleoabralecampinas.zip.net/&usg=__2YVHFpYH_4G5XURrK3zPGPv8bos=&h=265&w=477&sz=31&hl=pt-BR&start=4&um=1&tbnid=2oTr8sb3OYDPAM:&tbnh=72&tbnw=129&prev=/images%3Fq%3Dcoragem%26hl%3Dpt-BR%26client%3Dfirefox-a%26rls%3Dorg.mozilla:pt-BR:official%26sa%3DN%26um%3D1


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

"Onde há dois não há certeza. E quando o outro é reconhecido como um “segundo” plenamente independente, soberano – e não uma simples extensão, eco, ferramenta ou apêndice trabalhando para mim, o “primeiro” – a incerteza é reconhecida e aceita.
Ser duplo significa consentir em indeterminar o futuro."


Bauman, Z. Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. RJ: Jorge Zahar, 2004. (p. 35)

* Copiado do blog http://sobsuspeitas.blogspot.com/2010/01/permita-me-acrescentar.html

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010




Hoje eu recebi um email “O que fazer para ser feliz”. Acho que se existisse uma receita não existiria gente triste, não é? “É melhor ser alegre que ser triste, alegria é melhor coisa que existe”, escreveu Vinícius de Moraes.

Outro dia assisti ao filme “O Solista”, e era justamente sobre ser feliz. Mais, era sobre achar que sabe o que o outro precisa para ser feliz. O erro, “meu caro Wats”, é que a felicidade tem medidas diferentes pra cada um. Tem gente que se contenta com pouco, outros precisam de mais. Tenho uma amiga que está viajando e contou que a companheira de quarto dela nunca está satisfeita, diferente dela. Ela disse “a fulana PRECISA de um curso ótimo, casa incrível e festas ótimas para estar bem”.   Já reparou como a gente está sempre estipulando patamares de felicidade que sempre tem a ver com o “ter”? Exemplo: “Se eu não tiver isso ou aquilo não ficarei feliz”. A pergunta é: É mais feliz quem tem mais?

No filme, o (maravilhoso) Robert Downey Jr. Interpreta um repórter que quer ajudar um músico esquizofrênico que virou mendigo. Só que a ajuda que ele está disposto a dar está diretamente ligada ao que ele ACHA (sempre os achismos) que é melhor pro cara. E aí mora o engano. Por que a gente se acha tão sabichão ao ponto de Ter certeza do que é melhor pra alguém?

Não sei.

Mas as vezes é preciso que a gente não levante bandeira alguma, só estenda a mão. As vezes basta ouvir e deixar o outro falar. Porque, por incrível que pareça, nem sempre quem TEM mais tem também a capacidade para ajudar. É que não basta doar casa e comida. O mais difícil é a tal da atenção, coisa que poucos podem oferecer porque a maioria está sempre correndo a maratona da vida, cujo prêmio (creem) vem em cifras $$$$.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Fui convidada para uma festa na quinta-feira à noite na casa de uma amiga. O motivo da comemoração não era aparente, mas ela pediu pra gente ir vestido bem colorido. “Vamos bailar”, ela disse. Ok! Coloquei um vestidão coloridão, flor na cabeça, muitas pulseiras e fui. Dançamos ritmos latinos, nos divertimos, rimos, nem parecia que no dia seguinte alguém ia trabalhar – mas ia, eu pelo menos. Em determinado momento, ela baixa a música, reúne todos no meio da sala e diz: “pessoal, reuni vocês aqui hoje, amigos queridos, para compartilhar uma coisa importante: a celebração da vida!“



Você aí que está lendo, tem noção do quanto isso é bacana? Fiquei arrepiada, sabe por quê? Estamos vivendo um período tenso, aqui no Rio de Janeiro aconteceu aquela tragédia em Ilha Grande; no Haiti, que não é aqui, outra tragédia. E os jornais não se cansam de mostrar novos horrores todos os dias. Ou melhor, novas coisas horríveis não cansam de acontecer. Casos isolados, casos que envolvem muita gente... Um atrás do outro. Enquanto isso, o mundo derrete, pega fogo, transborda. É o caos!

E onde você está agora? Onde estão as pessoas que você ama? Seu trabalho, seus amigos, sua casa está de pé? Sua cidade e seu país estão inteiros? Percebe como somos sortudos? Não pense que é um ato egoísta. Não é. É apenas saber agradecer pela sorte que se tem. Mais que isso, dar valor a quem se ama. Valor também por tudo, por termos comida, agasalho, casa, roupas, festas para ir, amigos para encontrar, viagens para fazer e o mais importante, sonhos. É que não imagino o que um haitiano esteja sentindo nesse instante. Não imagino o que é perder a referência de uma vida inteira. Você que ta lendo, imagina? Mas não vá esmorecer, hoje é sexta-feira, não é dia de ficar triste. A minha sugestão é que a gente faça algo pelo próximo, qualquer coisa para qualquer um.

Bom fim de semana pra todo mundo! (se é que alguém lê o que escrevo aqui...risos)*

*a autora, obviamente, está meio carente. É por isso que está fazendo charme. risos 
*crédito da imagem: blog Luiz Lobo Henriques

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010



Se eu pudesse ficaria deitada na minha cama
Ou na praia
Por mais de uma semana.
Escovaria os dentes na janela
Olhando por ela
E querendo estar lá embaixo
Ou aqui em cima.
Depende do que estaria comigo,
Ou quem.
Se eu pudesse não faria nada, dormiria
Que é pra nem ter que piscar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A segunda semana do ano está só começando e eu estou nas últimas páginas de “Leite Derramado”, do Chico Buarque. Como não é lançamento e é Chico, muito já se falou por aí sobre o livro. É uma leitura simples, dinâmica e rica sobre as memórias de quem veio, viveu, mas não venceu. A trajetória de um homem que participou de uma classe dominante e se vê ao fim da vida sem nada, a não ser suas memórias. Histórias que ele conta e inventa e se esquece e lembra.



Certa vez eu conheci um homem mais velho, com idade para ser meu avô, numa ocasião de trabalho. Conversei com ele horas a fio na hora do almoço numa pousadinha lá em Iguaba, na época em que eu fazia produção de uma rádio da Região dos Lagos. Na volta para o RJ ganhei uma carona, e a viagem curta me levou para lugares “nunca dantes navegados”. Ouvi sobre o passado daquele cara meio solitário. No final do nosso destino, antes de descer do carro, fui surpreendida com um agradecimento por ter ouvido suas histórias.

Ora pois, não seria eu que deveria agradecer pelo que acabava de ser compartilhado comigo? Quantas vezes na vida temos chances de ouvir o outro, de saber do seu passado, ver suas fotos de criança? Se a gente para pra ouvir mais e falar menos – sei o quanto é difícil!, a gente aprende mais e gasta menos tempo com bobagens.


Um brinde ao Chico Buarque, que sabe contar histórias como poucos! Outro brinde ao Edu, esse meu confidente instantâneo, que só queria alguém para conversar um pouco.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010


Têm uns momentos na vida que a gente deseja voltar para o passado. Exatamente para aquela época na qual éramos pequenos, indefesos e crentes em quase tudo que nos contavam. O melhor é que à vista de qualquer problema, era fácil resolver com apenas um grito: “manhêeeeeee” ou “paiêeeeeee”.

Quando crescemos as coisas ficam mais difíceis para o nosso lado, mas é claro que pai que é pai e mãe que é mãe nunca abandona o barco, continua a dizer “já vou”. Só que esse pessoal sabe tirar o corpo fora de vez em quando; afinal, o filho precisa crescer, ficar independente e aprender a se virar.

E nós aprendemos, não? Eu aprendi. Só que em momentos como o de hoje, no qual quase fiz xixi nas calças (devia sentir vergonha em admitir isso?) de tanto nervoso durante a prova do Detran, eu tenho vontade de gritar por help e esperar que meu pai ou minha mãe venha aliviar a minha barra. Seria ótimo. Meu pai daria um grito no fiscal que estava me aterrorizando psicologicamente, minha mãe me tiraria do carro, faria bolinhos de chuva, me colocaria no colo e diria que bicho papão, ou melhor, fiscal de prova de direção do Detran não existe. Seria ótimo, perfeito, um sonho.

Infelizmente, depois que a gente faz vinte e poucos anos não funciona mais assim. De qualquer forma, é bom ouvir meu pai do outro lado da linha dizendo “quando eu chegar a gente dá um jeito”, ainda que esse “jeito” seja me levar para tomar um chope e comer peixinho frito para botar a raiva pra fora.

Ah, mas como eu queria poder fugir pra barra da saia da minha mãe de vez em quando. Quem me dera alguém assumisse meus problemas e dúvidas e depois só me chamasse para curtir o que foi resolvido. Quem me dera não precisar tomar decisões, enfrentar testes e desaprovações. Quem me dera minhas contas fossem pagas magicamente e os problemas solucionados lá em cima, sem meu conhecimento. E a comida aparecesse no meu prato, e a roupa limpa na gaveta, e a louça brilhando no armário. Quem dera a comida estragada fosse sozinha para o lixo e a vida fosse só diversão. É aquele velho papo de crescer, mas, às vezes, eu tenho mesmo é muita vontade de fugir para a Terra do Nunca*.

*alusão à história do Peter Pan e a Terra do Nunca

domingo, 3 de janeiro de 2010

Hoje fui assistir “Avatar”, uma revolução do cinema feita por James Cameron. E é inevitável pensar como seria ter um avatar. Já imaginou? Eu sim. Imaginei ter uma pessoa que poderia ser do jeito que eu quisesse e fazer tudo que eu não pudesse...

Tem gente que já pode e faz isso através do Second Life, mas no Avatar existe mesmo “em carne e osso” o seu outro eu. Alguém para quem você poderia acordar num dia de desânimo e dizer: “Vai lá, hoje é a sua vez”.