terça-feira, 24 de maio de 2011

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É isso, não tem fórmula pra gente gostar de alguém. Podemos até estabelecer critérios do tipo: tem que ser culto; gostar de viajar; falar duas línguas, no mínimo; gostar de sexo, de cinema, de bebidas alcoólicas e comida japonesa. Não pode ser da área de exatas, a não ser que dentro dele more um louco filósofo. Tem que ter objetivos na vida, pulso forte e saber o momento exato de agarrar a gente pela cintura e dar um beijo “cala a boca”. 

Ok, ok, ok! Nada disso é determinante. São apenas itens de uma listinha desejável, mas, cá pra nós, conseguir reunir em um só cara tudo que gostamos é impossível.

E aí você conhece alguém que chega perto do ideal, e aí que o beijo encaixa, e aí que o papo é ótimo, e aí que ele te acalma, e aí que ele te diverte, tem pegada, é gostoso e inteligente. E aí que você acha que está fazendo tudo da maneira como deveria ser. De repente, vem o seu segundo "eu" e cochicha no seu ouvido que não vai dar certo.

O primeiro "eu", aquele atraído por esse cara que parece ser tudo-de-bom, começa a desconfiar também. Pensa se vai ser legal andar de mãos dadas por aí, na frente de amigos e desconhecidos. Pensa que com o tempo o sexo vai ficar monótono, pensa que já vai ter decifrado o cara. E aí, cadê o vento no rosto? 

O segundo "eu", aquele desconfiado, fica arrependido por ter lançado a dúvida. Eis que surge um terceiro – e quantos são os “eus” que nos habitam?, e sugere que a gente está apenas cansada das inúmeras responsabilidades: casa, trabalho, você mesma, a família... e a dúvida é do inconsciente se acostumando com a ideia de que terá mais um com quem se preocupar. 

Só que você passa por toda essa discussão interna, crente, crente que “agora sim eu vivi um grande amor...”  e não dá em nada.  Então chega a hora de uma reunião com todos os "eus" e também com o inconsciente e consciente para discutir o que diabos nós fizemos de errado, ou certo demais. Ninguém gosta do que é certo demais.

Então fica decidido que na próxima vamos fazer tudo ao contrário. Quem sabe, de cabeça pra baixo, sem muito melindre, a coisa funcione?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

"Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor." Caio Fernando Abreu