segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A segunda semana do ano está só começando e eu estou nas últimas páginas de “Leite Derramado”, do Chico Buarque. Como não é lançamento e é Chico, muito já se falou por aí sobre o livro. É uma leitura simples, dinâmica e rica sobre as memórias de quem veio, viveu, mas não venceu. A trajetória de um homem que participou de uma classe dominante e se vê ao fim da vida sem nada, a não ser suas memórias. Histórias que ele conta e inventa e se esquece e lembra.



Certa vez eu conheci um homem mais velho, com idade para ser meu avô, numa ocasião de trabalho. Conversei com ele horas a fio na hora do almoço numa pousadinha lá em Iguaba, na época em que eu fazia produção de uma rádio da Região dos Lagos. Na volta para o RJ ganhei uma carona, e a viagem curta me levou para lugares “nunca dantes navegados”. Ouvi sobre o passado daquele cara meio solitário. No final do nosso destino, antes de descer do carro, fui surpreendida com um agradecimento por ter ouvido suas histórias.

Ora pois, não seria eu que deveria agradecer pelo que acabava de ser compartilhado comigo? Quantas vezes na vida temos chances de ouvir o outro, de saber do seu passado, ver suas fotos de criança? Se a gente para pra ouvir mais e falar menos – sei o quanto é difícil!, a gente aprende mais e gasta menos tempo com bobagens.


Um brinde ao Chico Buarque, que sabe contar histórias como poucos! Outro brinde ao Edu, esse meu confidente instantâneo, que só queria alguém para conversar um pouco.

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