terça-feira, 5 de janeiro de 2010


Têm uns momentos na vida que a gente deseja voltar para o passado. Exatamente para aquela época na qual éramos pequenos, indefesos e crentes em quase tudo que nos contavam. O melhor é que à vista de qualquer problema, era fácil resolver com apenas um grito: “manhêeeeeee” ou “paiêeeeeee”.

Quando crescemos as coisas ficam mais difíceis para o nosso lado, mas é claro que pai que é pai e mãe que é mãe nunca abandona o barco, continua a dizer “já vou”. Só que esse pessoal sabe tirar o corpo fora de vez em quando; afinal, o filho precisa crescer, ficar independente e aprender a se virar.

E nós aprendemos, não? Eu aprendi. Só que em momentos como o de hoje, no qual quase fiz xixi nas calças (devia sentir vergonha em admitir isso?) de tanto nervoso durante a prova do Detran, eu tenho vontade de gritar por help e esperar que meu pai ou minha mãe venha aliviar a minha barra. Seria ótimo. Meu pai daria um grito no fiscal que estava me aterrorizando psicologicamente, minha mãe me tiraria do carro, faria bolinhos de chuva, me colocaria no colo e diria que bicho papão, ou melhor, fiscal de prova de direção do Detran não existe. Seria ótimo, perfeito, um sonho.

Infelizmente, depois que a gente faz vinte e poucos anos não funciona mais assim. De qualquer forma, é bom ouvir meu pai do outro lado da linha dizendo “quando eu chegar a gente dá um jeito”, ainda que esse “jeito” seja me levar para tomar um chope e comer peixinho frito para botar a raiva pra fora.

Ah, mas como eu queria poder fugir pra barra da saia da minha mãe de vez em quando. Quem me dera alguém assumisse meus problemas e dúvidas e depois só me chamasse para curtir o que foi resolvido. Quem me dera não precisar tomar decisões, enfrentar testes e desaprovações. Quem me dera minhas contas fossem pagas magicamente e os problemas solucionados lá em cima, sem meu conhecimento. E a comida aparecesse no meu prato, e a roupa limpa na gaveta, e a louça brilhando no armário. Quem dera a comida estragada fosse sozinha para o lixo e a vida fosse só diversão. É aquele velho papo de crescer, mas, às vezes, eu tenho mesmo é muita vontade de fugir para a Terra do Nunca*.

*alusão à história do Peter Pan e a Terra do Nunca

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