sexta-feira, 9 de outubro de 2009


Hoje me toquei de uma coisa. Na verdade, venho pensando nisso há um tempo. É verdade que a mulher ganha sendo independente, mas ela também causa uma confusão mental no homem e deixa-o ainda mais “confortável” do que ele já é por natureza. Se antes os machos tinham a obrigação de nos fazer gentileza, e isso devia ser um tormento pra eles, hoje eles não pensam nisso, aliás, se fingem de mortos.

Hoje peguei um ônibus cheio e vim em pé com uma bolsa pesada (sou mulher, né?! E mulher carrega sempre bolsas pesadas) junto com várias outras pessoas. Depois de um tempo no engarrafamento reparei num pequeno e curioso detalhe. Todos os lugares estavam ocupados em 90% por representantes do sexo masculino. Sem exagero. Na fileira da esquerda só tinha homem. Você acha que algum deles se levantou para dar lugar para alguma mulher? Seria pedir de mais.
Mas pedindo de menos, você acha que algum deles se ofereceu para segurar a bolsa de uma de nós? Bom, depois que eu bufei umas três vezes, levantei e abaixei a bolsa e fiz bastante cara feia, um cara, por medo ou solidariedade, resolveu segurar (gentilmente?) a minha bolsa.

Depois peguei outro ônibus para voltar de outro lugar e eis que entra um senhor de mais de 70 anos. Você acha que algum marmanjo se levantou para dar lugar? Claro que não, quem levantou fui eu. Mas aí já é caso de desrespeito e falta de educação. O Carioca não é bacana, é mal educado.

Mas, voltando ao assunto principal, achei um texto que minha amiga e produtora Michelle Fonseca mandou há bastante tempo. A autoria é desconhecida.

Não que eu queira ser Amélia, mas também sinto falta de alguns tratamentos que só as Amélias tinham.


DESABAFO DE UMA MULHER MODERNA - CRÔNICA

São 7h. O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede.
Estou tão cansada, não queria ter que trabalhar hoje.
Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até.

Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles, se tivesse cachorro,
passeando pelas redondezas. Aquário? Olhando os peixinhos nadarem.
Espaço? Fazendo alongamento. Leite condensado? Brigadeiro...

Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro
pra funcionar.

Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que
teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso
conosco, que nascemos depois dela.

Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar,
trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos
e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos,
decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das
hortas, educando as crianças, freqüentando saraus, a vida era um grande curso
de artesanato, medicina alternativa e culinária.

Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã nem tão pouco de
espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias
mirabolantes sobre "vamos conquistar o nosso espaço". Que espaço, minha filha?

Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo ao seus pés.
Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer,
vestir, e se exibir para os amigos, que raio de direitos requerer?

Agora eles estão aí, todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar
na sociedade, fugindo de nós como o diabo foge da cruz.

Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim.
E nos lançando no calabouço da solteirice aguda.

Antigamente, os casamentos duravam para sempre, tripla jornada era coisa do
Bernard do vôlei - e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard do vôlei.

Por quê, me digam por quê um sexo que tinha tudo do bom e do melhor,
que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo?
Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso. Tava na cara
que isso não ia dar certo.

Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar,
passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos, acessórios usar,
que perfume combina com meu humor, nem de ter que sair correndo, ficar
engarrafada, correr risco de ser assaltada, morrer atropelada, passar o dia ereta
na frente do computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas.
Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma,
sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no
currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, e especificações...

Viramos super mulheres, continuamos a ganhar menos do que eles.
Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?
Chega, eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu
passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios
de poesia, faça serenatas na minha janela (ai, meu Deus, já são 7:30h,
tenho que levantar!), e tem mais, que chegue do trabalho, sente no meu sofá,
coloque os pés pra cima e diga "meu bem, me traz um café, por favor?"
descobri que nasci para servir.

Vocês pensam que eu estou ironizando? Estou falando sério!
Estou abdicando do meu posto de mulher moderna...
Troco pelo de Amélia, Alguém se habilita?

(Autora Desconhecida)

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