terça-feira, 20 de outubro de 2009

Do baú - fevereiro de 2006


Falante. Comilona. Bailarina. Analgésico. Fofa. Gatinha. Ciumenta. Boba ou intelectual. Confusa e complicada, inconstante e sincera. Figura, artista, querida. Boa filha, irmã, prima e amiga.

Eu sou assim. E quero um amor só pra mim, sem complicações, sem ex pegando no pé. Quero tomar “cerva” gelada num boteco. Quero comer um brownie no Caroline Café.

Quero o colo da minha mãe, os conselhos do meu pai. Jogar vídeo game com meu irmão. Viajar. Namorar. Jogar conversa fora com as minhas amigas. Passear com o cachorrinho. Sair de chinelo Havaianas ou salto agulha. Ler um bom livro. Ver um bom filme. Escutar Bob Marley de pernas para o ar num acampamento.

Quero ouvir sobre os amores da Maria Bethânia ou do Chico Buarque e me encantar com a nostalgia do Geraldo Azevedo. Dançar hip hop, funk, trance, forró ou, e sempre, samba! Sambo na rua, na chuva, no apê. Tomar “black russian”, tequila ou água. Escrever um diário, um livro ou pixar um caderno com as maiores besteiras já escritas. Viver um romance demais. Chorar de menos, mas sempre que sentir vontade. Mergulhar no mar ou escalar uma montanha. Trabalhar. Ouvir um problema. Errar mais vezes.

Quero ser o que eu quero com mais frequência, e cada vez menos o que a sociedade quer. Ser “hippie chic” ou uma jornalista séria e perfeccionista. Viajar mais.

Nada mais produtivo do que construir bons momentos. Quero a realidade, um oi, um quarto e o sol nascendo. Depois um sonho, uma janela, um abraço e um pôr do sol.

Eu sou essa pequena coisa grande de pensar distante nesse mundo pequeno, então quero colocar meus pés na cabeça sem estar com os pensamentos nas nuvens, só para não esquecer que a vida tem outros modos de ser vivida além desse que a gente escolhe e sofre por não estar feliz.

Quero acreditar nas pessoas de verdade e esquecer as de mentira, as que não existem porque tem na essência um vazio do tamanho delas. Quero o calor de um corpo e de um beijo. A risada de um amigo e uma carta de alforria para a felicidade dos que eu amo. Outro oi. Um incenso para livrar o mundo desse cheiro de tristeza. Um mar para me levar para longe. Uma estrada para percorrer e ir até o infinito, onde estão as coisas de verdade.

Quero uma notícia de quem está longe e uma brisa no rosto que me dê a esperança de que ele volta. Um céu cheio de estrelas para eu namorar. O som do mar que vai e vem, me lembrando de que a vida continua.

Quero o sabor do chocolate na minha boca quando as pessoas parecerem amargas. E o limão, quando tudo for doce demais. Nada que me irrite os nervos, a não ser a vontade de arrebatar alguém. Quero um macarrão meio pudim e mais uma vez uma tarde num quiosque em Jaconé.

Quero meus amigos sempre perto e a solidão quando quiser que eles fiquem longe.


Quero me lembrar sempre que as coisas têm um fim, mas que a gente não precisa sofrer antes que elas terminem. Quero ficar longe da televisão e cada vez mais viver uma música. Quero essa melodia que inebria os amantes e sonhadores. Ser racional e emocional, nada demais ou de menos.

Quero ter preguiça para esperar o momento certo e ação para agir quando for o momento. Quero quem me dê a mão quando eu precisar subir. Quero quem me dê aquele empurrão quando for para eu correr de mim. Não quero ninguém mais ou menos. Quero certeza e vontade. Não quero gente confusa que se perde nos próprios delírios e embarca numa viagem tão impossível que esquece que na volta têm a vida. Quero sim. Quero você e mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário