quarta-feira, 20 de maio de 2009

De dentro dessa coisa redonda, cheia de mato, gente, água e bicho



Bom dia pra você que me sorri e que me adora. Mesmo de mentira. Mais ainda de verdade. Não consigo segurar esses sentimentos. Essa angustia. Esse nervoso. Esse sorriso que ora é pra você ora é pra mim. Nem cabe no meu peito. Assim como você não cabe em mim. Assim como outra pessoa cabe : em você e em mim.

To prendendo e me esforçando, não vou deixar sair essa vontade que me empurra nos braços da vida, longa vida, pelos oceanos que deixam o mundo mais azul. Seguro, me agarro na parede. Agarro no poste....e vou indo mais um pouco....agarro lá no alto de uma torre, mas quando vejo já estou indo embora. Essas coisas vão se desgarrando de mim e me levam com a sensação de que nada vale a pena, ao mesmo tempo em que meu peito viaja na ânsia de viajar pelos quatro cantos dessa coisa redonda cheia de mato, gente, água e bicho.

Saio correndo e descubro que nas coisas da vida o mais importante são os amigos que a gente faz. Aqueles que pegam você pela mão para ajudar a atravessar um problema. Que levam você quando você não poderia ir. Aquele serzinho engraçado que abre um sorriso de ponta a ponta no seu rosto e faz um problemão parecer uma mosquinha indiferente no seu dia. Amigo! Aquele que num piscar de olhos se torna a pessoa que você conta e por quem você faria qualquer coisa.

Voltei correndo quando descobri que estava deixando essas coisas pra trás. Senti vontade de abraçar todos eles juntos e dizer bem alto: muito obrigada por estar aqui. Por ser você. Por me dar a mão. Brindar comigo. Se preocupar. Se divertir comigo pulando numa festa louca até as cinco da manhã sem se preocupar que às sete tinha que trabalhar. Obrigada por me dar um abraço e deixar o esporro de lado quando eu fiz aquela merdinha ou fui tola demais, você estava aqui pra dizer: “sabia que eu te adoro?” E em seguida estávamos no meio da rua, felizes da vida, jogando confetes, tocando cornetas e curtindo o carnaval como só a gente sabe.

Foi aí que eu senti pena de um monte de gente. Aquelas que o Pequeno Príncipe* chama de Pessoas Grandes, gente sem imaginação para enxergar num desenho uma cobra que comeu um elefante, muito mais interessante que um chapéu. Mais mágico, mas não vende. Não é interessante e ninguém tem tempo para refletir um pouco em cima de algo que não está na cara.

Desse jeito todo mundo vai passando por cima de tudo e nem percebe o que esta fazendo. Daí, quando ficam velhas correm para a cirurgia plástica numa inútil tentativa de recuperar o que já foi. Só que não dá mais tempo. Todas as coisas estão ao redor denunciando a idade e o tempo novo. Novas modas e modos, e essas pessoas com uma máscara na cara com atestado de bobo e ultrapassada. A autoenganação é dolorosa.

Sem perceber as pessoas vão saindo das nossas vidas e a maioria não está vendo porque não para de olhar pro espelho ou pro próprio umbigo. Um alguém muito especial já foi e você não percebeu quanto foi tolo, ou tola. Um por do sol escapou dos seus dedos e você também não percebeu. Nisso foi também um abraço em alguém que você jurava que iria rever, mas não viu nunca mais.

Aquele oi que você deixou de dizer ou o livro que deixou de ler não voltam. Por esse motivo me agarro ao que tenho e se alguém disser que é pouco eu sugiro que volte a olhar para o próprio reflexo e pensar nesse conceito pobre do que é muito ou pouco. Certo ou errado, e se isso existe de fato.

* Alusão ao livro “O Pequeno Príncipe”, de Sain’t Exupèry

Um comentário:

  1. Tão bom te ler assim, logo de manhã!
    Tão bom começar o dia, sabendo que os obstáculos que aparecem no meio do seu caminho, não te deixam esquecer esse seu lado criança alegre, ao mesmo tempo, madura por não deixá-lo ir embora.
    Tenho orgulhoso disso, e como vc sabe, minha filosofia é a mesma!
    By the way, amo o Pequeno Príncipe!
    E amo você, mais ainda, minha autora preferida! :)
    Mi.

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