terça-feira, 15 de junho de 2010

“Quer conversar?”




Sempre gostei de conhecer gente, e acho que faço disso um hobby. Não faço academia, não jogo poker, não faço natação, não sou viciada em TV, não sou adepta a maratona, nada toma mais o meu tempo do que conhecer gente.

Adoro sentar no banco do táxi e saber da vida e das histórias do taxista. Gosto de perguntar à faxineira como é sua vida, de saber da secretária como ela faz para chegar todos os dias no trabalho, se tem filhos, marido, primos. Sei tudo da vida da minha manicure e depiladora. E adoro conversar, não é à toa que comecei a falar antes de completar 1 ano de idade, e minha mãe conta que eu falava o dia inteiro com todo mundo. Vinte e poucos anos depois e nada mudou.

Viajando sozinha (Ah! Esse é meu hobby, colocar a mochila e ir – sozinha- ver o que é que a baiana, o uruguaio, o francês, o israelense e, em breve, o mundo tem). Exercito bastante esse lado “desbravador de gente”. Um dia, na praia de Tel Aviv, olhei pro lado e vi um cara também sozinho. Tinha certeza de que ele era francês e ele tinha uma carinha de gente boa. Não pensei duas vezes: “Do you wanna talk?”. Minutos depois eu e Enguerron estávamos melhores amigos. Almoçamos juntos, fumamos narguila no park, saímos pra night, nadamos de madrugada e foi uma das melhores companhias da minha viagem. Ontem ele me escreveu contando como foi a volta para Paris, disse que adorou me conhecer e que nunca vai esquecer da primeira coisa que eu disse pra ele, “quer conversar”?



E isso aconteceu durante toda a viagem de férias desse ano. Acabei fazendo amizade também com uma koreana, a Shorty, viajamos juntas para a Galileia, tivemos uma ótima troca de informações sobre a cultura de cada, sobre a vida, sobre os homens, sobre tudo! Ela voltou para a Korea, eu para o Brasil, mas a promessa de “nos vemos de novo” é reafirmada sempre através da internet.



E assim foi com outros vários amigos que fiz por lá. Um querido, o Junior, brasileiro que mora em Israel, e que conheci através de um outro querido, o Cláudio, barman de um bar/restaurante em Tel Aviv, me escreveu dizendo: “só faltou você na Parada Gay de Tel Aviv”. Outras duas amizades legais, o Moshe, australiano, na espera pelo voo Israel/Paris, e o Ricardo no voo Paris/Brasil. A conexão foi tanta que mudamos nossos assentos para vir juntos conversando, falamos quase 10h direto e ainda descolamos uma garrafa de champagne para comemorar o final das férias de cada um. Ele em Paris e Itália, eu em Paris e Israel. Tem coisa melhor do que esse intercâmbio?



Hoje estava saindo do consultório da minha terapeuta quando um cara puxou papo comigo no elevador. Eu tinha duas opções, ou ignorava ou sorria e conversava. Obvio, optei pela segunda. Nelson, ortodentista, casado, gente fina, apaixonado por Einstein.


Conhecer, no dicionário:
conhecer (ê) -  (latim cognosco, -ere)
1. Ter conhecimento de.
2. Ter noção de, saber.
3. Ter relações com.
4. Saber quem (alguém) é.
5. Estar convencido de.
6. Distinguir.
7. Ver.
8. Ter indícios certos.
9. Ter relações sexuais.
10. Tomar conhecimento.
11. Averiguar.
12. Ter perfeito conhecimento de si próprio, dos próprios méritos, do carácter! próprio.

Ok! Com isso chego a conclusão de que, antes de uma religião, de uma nacionalidade, existe um ser-humano, portanto, não importa se é palestino, judeu, preto, branco, prostituta, argentino, brasileiro, chinês. Antes disso tudo tem alguém, e esse alguém não deve (não pode!) ser classificado, odiado, xingado, nada disso, por ser parte do lugar onde nasceu ou das escolhas religiosas que fez. Antes disso tudo, e sou totalmente avessa ao ódio e à guerra, devemos questionar o outro, conhecer seus princípios, sua cultura e olhar isso tudo de fora, esquecendo também de onde viemos e nos tornarmos híbridos por um instante, só pelo prazer de desvendar alguém tão diferente de nós mesmos. Sem julgar, sem pré-conceitos.

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