quarta-feira, 3 de março de 2010



Por que as pessoas têm tanto preconceito com a separação? Se você é filho de pais separados os outros dizem que entendem o seu ponto de vista da vida. Como se fosse um olhar criminoso das coisas. “Pobre coitado, é filho de pais separados”, dizem por aí. Será? Pra mim, ser filha de pais separados significa saber o real significado de ser feliz. Se meu pai não aguentava mais a minha mãe e minha mãe não aguentava mais a cara do meu pai, por que cargas d’água eles deveriam continuar juntos? Por causa de mim e dos meus irmãos? Não teria sentido! Hoje se dão muito melhor sendo amigos.

Menos sentido ainda eu vejo nos casais que têm 60 anos de casados e mal se falam, debocham do que o outro diz, não dormem de conchinha e não são felizes. Se for pra ficar junto, se entrou no mesmo barco, o casal deve, é claro, fazer de tudo que puder para manter a relação, mas não mantê-la apenas, mantê-la saudável, alegre, com amor, sexo e parceria. E quando não for o caso, quando as tentativas rarearem e der vontade de sair pelo mundo e tentar de novo, as pessoas têm que ir e ver no que vai dar.


Ninguém quer ser infeliz, ninguém entra numa relação para separar, ninguém mora junto sem acreditar que é pra sempre. Mas o ser - humano é um bicho complicado, tem manias, chatices, e o mais grave e óbvio, é diferente do seu par, portanto, as chances de um casamento darem errado são de 50%.

E quando dá errado e um dos dois pula fora do barco? Se não houve traição, se não há mágoa, se foi tudo lindo e maravilhoso, resta agora manter essas lembranças. E por respeito ao que viveu, um casal deve respeitar o outro e, ao invés de dizer que a relação deu errado, deve pensar o contrário: deu certo! Enquanto estiveram apaixonados deu certo! Enquanto houve amor, deu super certo! Mas achar que é obrigado a obedecer ao “até que a morte nos separe” é suicídio!



Todos têm direito a amar e “desamar”. As pessoas mudam de ideia, ainda bem! Podem resolver fazer um caminho diferente, pegar uma estrada ao invés de ir de avião, mesmo se sempre disseram que preferiam voar. Eu não pretendo ficar enraizada nas mesmas ideias e pensamentos a vida inteira. Nem acho que as pessoas deveriam. Por que faríamos isso se temos duas pernas para ir aonde quisermos?

Por que faríamos isso se podemos sair à procura da sensação das borboletas na barriga ao invés de ficarmos “No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...”?



Um comentário:

  1. Vc vai rir de mim, mas o seu texto me fez lembrar o que eu observei semana passada Fui no Stand up do Sergio Mallandro (meu ídolo de infância), conversei com ele depois da peça e fiquei impressionado com a relação dele com a ex-mulher. Ela ficou quase do meu lado durante o espetáculo e ele contava histórias do casal, enquanto morria de rir. O filho deles deve ter sido muito mais feliz, sendo criado desta forma. FOi uma lição de civilidade pra mim.

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