quarta-feira, 23 de março de 2011

Shalom, shalom




Fico tentando entender meu carinho por Israel, não por que precise, mas porque eu tenho essa mania de explicar as coisas; não para os outros, mas para mim mesma. É certo que tudo começou com uma paixão. Só que as coisas se misturaram e hoje, quando vejo na TV que um ônibus explodiu em Jerusalém, sinto a dor em mim também.

Eu sempre volto ao que o Idan Raichel disse quando foi entrevistado pelo caderno Megazine, do jornal O Globo. “Você não pode odiar aquilo que não conhece!”. Pensando nisso e deixando de lado todo o preconceito, que nunca existiu em mim, coloquei a mochila nas costas e fui ver o que é que Israel tem. 

Descobri um país lindo, rico, educado, poliglota, amável e com a autoestima abalada. Afinal, como você se sentiria se o seu país vivesse na iminência de uma guerra? E se todos os seus passos políticos fossem sempre vistos como os do inimigo? Acontece que não há quem os proteja dos maus olhos do mundo, a história foi contada de um jeito e a maioria das pessoas acredita num livro só!

Só que no meio disso tudo, e de quem está certo ou quem está errado, tem um povo. Têm jovens que só querem que isso tudo acabe, gente que só deseja sair da faculdade e não ter que sair correndo de repente porque a guerra estourou ou, pior, como aconteceu hoje, explodir junto com um ônibus. Matéria do G1

A realidade é dura, mas o povo é muito querido. A mistura racial é impressionante, a música é vibrante, as danças sensuais, a arquitetura ousada! Tudo em Israel tem vida e cor. A começar pela orla de Tel Aviv, azul da cor do Mar Mediterrâneo, e o sol que ilumina as montanhas de Eilat  e dá vida ao Mar Vermelho. E a cidade de Jerusalém, dourada pelos reflexos da luz do sol em suas pedras,  e Haifa, verde-limão. 

A hospitalidade é familiar, tive a chave da casa de muitos amigos recentes. Não fiquei sem companhia um só dia, tive carona, tive carinho, ouvidos e, principalmente, a oportunidade de conhecer a história de quem vive nas páginas dos jornais do Ocidente, mas de um jeito muito diferente do que é na realidade.

É por isso que hoje fiquei triste. É o primeiro ataque a bomba em Jerusalém desde 2004! E o que isso vai significar ainda não se sabe.

"Não há mais nenhuma possibilidade de pensar a vida somente em termos de divisões e territórios soberanos como manda o dogma do nacionalismo moderno sem, ao lado disso, repensá-lo como feito de tradições e pessoas que, antes de serem indivíduos, são parte de totalidades: são pedaços de um quadro que lhes dá sentido e que somente ganha realidade com a sua presença...."  (A Mensagem das catátrofes – Roberto daMATTA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário